terça-feira, 26 de junho de 2012

todo dia

Todo dia acordo tarde o suficiente pra me atrasar, como e bebo o suficiente pra não enjoar. Com a mesma roupa e maquiagem me visto, pra ninguém comentar, caminho rápido pra ninguém suspeitar, ouço música no volume médio pros meus ouvidos não maltratar. Cumprimento e sorrio calma, de segunda a sexta, pra no sábado não acordar. Pra mais tarde voltar, caminhando rápido pra ninguém suspeitar, ouvindo música no volume médio pros meus ouvidos não maltratar. Pra comer e beber o suficiente pra só capotar e pra mais tarde acordar, pra quem sabe estudar, pra quem sabe alguma coisa tocar. Pra mais tarde comer e beber o suficiente pra só no outro dia voltar.. pra, com a mesma roupa, caminhar, ouvir, enjoar, cumprimentar, sorrir, capotar, comer, beber, estudar. Sem reclamar. Por todo dia poder acordar.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

um celular, um autógrafo e dois caderninhos

Não parei de escrever, é mentira - calúnia - blasfêmia.
Ganhei um celular e dois caderninhos.
O celular é uma nave que acopla, via internet, toda a minha vida nos âmbitos sociais e de localização, na eterna tentativa de sintetizar em palavras, notificações e fotografias o que se passa na minha cabeça.
Um caderninho é a memória que eu nunca tive, com rabiscos e desenhos confusos, íntimos e nada compreensíveis, que só me gastam clips e ponta de lápis 6B.
Já o caderninho da capa de Hamburgo é o teu substituto. Tenho escrito aleatoriedades, a caneta, nele. Ele começa com um mapa da cidade e acaba com as linhas de metrô. No meio tem folhas com linhas só de um lado. Embora branco e não tão magro, me conquistou, o moço.
Mas voltei. Pro infinito nada particular da internet. Sem pedir desculpas.
Só porque, no meio de um hambúrguer maior do que meus dedos, me pediram uma prova sobre a minha identidade seguida de um autógrafo. De um autógrafo.
Não, produção. Não pode.