sexta-feira, 16 de agosto de 2013

como nossos pais

Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais. Quando o assunto é o que de fato interessa, as demandas são as de sempre. Fora a comida, a bebida, a diversão e a arte, todas as gerações nascem e morrem atrás do mesmo objetivo: a felicidade. Só mudam os instrumentos e os caminhos que nos levam até lá.
As gerações se moldam de acordo com os prazeres e traumas da sua juventude. Infinitas vezes ouvimos comentários bons e ruins dos nossos pais ou avós que, normalmente acompanhados de suspiros, relatam sobre o pai rigoroso e os passeios no parque, sobre o machismo cruel e as coloridas discotecas. Nesse contexto, há quem diga que a moda, a ditadura, as mil moedas e a contracultura tenham tornado nosso pais bonzinhos demais ou até quase indiferentes, como uma forma de justificar numa análise simplista os problemas que hoje a juventude enfrenta.
Considerar que alguém nasce e cresce sob as asas dos pais, cujo papel é guiar o caminho dos seus filhos até a vida adulta, é uma ideia que deixa de fazer sentido quando desconsidera a influência do mundo que começa e acaba na porta de casa, quando se leva a educação dos pais para a rua e dela se trás a reflexão e o diálogo. Neste processo, denuncia-se fundamental não só o diálogo, mas também o conflito, o desentendimento e os problemas de relacionamento dentro de uma família.
Enganado estava quem pensou que o conflito entre as gerações era mais uma nova invenção. Ele é só mais um sintoma de que, no fundo, nada mudou. A vida ainda dói no peito de quem quem opta por crescer, seja dentro do computador ou do rádio de ondas longas, como uma consequência direta da busca por um sentido que nos faça querer continuar a viver essas terras.