sábado, 21 de julho de 2012

o chefe

precisei esperar pra ser atendida. o café era de graça. adocei e sentei, pra esperar.
olhei pra frente pra procurar a tela que mostrava as senhas, pra pensar se pagava mais um café, pra procurar gente bonita. vi várias mesas com seus computadores e, atrás de cada um deles, uma mulher muito bem maquiada e de bom humor, trabalhando. eram umas 8 atendentes pra uma demanda alta de clientes a espera de atendimento. ágeis, atendiam sem perder o sorriso ou a postura. adequadas, treinadas. bem mandadas.
no meio delas, vi um terno verde com calça social no mesmo tom. sapato de couro preto e gel segurando o cabelo lambido, para a esquerda. um homem, só um.
o chefe.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

entregue

a muito poucos me entreguei.
por medo, por conselho e por desconfiança, até hoje sempre começo com um pé atrás. afinal, um estranho ou quase sempre pode se transformar num novo amigo, num novo affair, num novo trauma, numa nova decepção.
tenho que parar com essas vírgulas.
a questão é que talvez eu demore demais pra quase tudo, sendo o tudo o que realmente interessa. a questão é que talvez eu tenha problemas não só em confiar, mas em demonstrar confiança às pessoas certas, que confiam em mim. a questão é que preciso aprender a me entregar - de verdade.
vou trocar de pingente. voltar a usar meu mergulhador. ele me faz lembrar disso toda vez que olho pro meu colo ou que, pra não encarar alguém, mordo minhas pratas.
outra questão que eu aprecio é a paciência.
gente que entende que eu vou devagar, que talvez eu não vá ao longe e que continua esquentando o chá, só no apoio moral, pra que eu chegue lá - pronta. sem o imediatismo do século vinte, com gosto de banho maria.
estou chegando.
já vou.