sábado, 20 de julho de 2013

feliz dia

feliz dia do amigo. pra quem tem créditos no celular e nem tantas contas pra pagar. pra quem tem travesseiro, cobertor e ar condicionado. rímel e blush pra corar, sofá e mesa pra conversar, tempo e vontade pra continuar. pra quem tem dinheiro pra gastar, dinheiro pra comprar, dinheiro pra presentear. pra ser amigo de alguém.
feliz dia do amigo. pra quem esqueceu que amizade é mais do que tudo isso, pra quem vive de network, pra quem já tantas vezes foi e voltou e parece que até agora não entendeu. pra quem pra tantos ligou pra contar, pra chorar, pra reclamar, pra felicitar, e hoje pensou ter feito o certo comprando aquela caneca do chinês imigrante que hoje andava feliz.
afinal, feliz dia do amigo. feliz dia dos confirmados no facebook. feliz dia do conceito mais deturpado da vida. feliz dia do erro. feliz dia do, no fim, só mais um dia.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

jeitinho que faz gingar

       “Há quem sambe diferente noutras terras”, disseram os Novos Baianos há alguns anos, para lembrar ao Brasil de que o samba, as regras e os desregrados são, na verdade, universais. Infelizmente, o mesmo não acontece com o “complexo de vira-lata”. Este falso conceito de desonestidade atribuído pelo povo brasileiro a si mesmo é cultivado dentro e fora do país, inferiorizando nosso povo e sua cultura.
       Frequentemente utilizado como desculpa para acabar com qualquer esperança, o hábito de transformar casos de imoralidade em uma característica comum a todo país torna a possibilidade de qualquer melhora como uma hipótese próxima do horizonte. O “jeitinho brasileiro”, aparentemente crônico àqueles que nascem neste país tropical, confunde o bom humor e a tranquilidade com um ar de falcatrua e caos que nos persegue há muito tempo - tempo este não suficiente para que tenhamos percebido que com esse espírito, não há Lula ou Dilma que nos salve. Devido a este veneno, o povo se sente parado frente ao sonho de ser um país desenvolvido, onde pessoas saudáveis e cultas podem passear por parques com o celular na mão e a bolsa aberta, no sentido de que um passo de progresso brasileiro parece nunca nos colocar mais a frente.
       Fatos mais recentes revelam a falta de crença do povo brasileiro e seu jeitinho no verde e amarelo. Eventos como a Copa do Mundo e a Copa das Confederações conseguiram aflorar os resmungos constantes a ponto de abafar quase totalmente nosso amor milenar pelo futebol. Pouco se fala sobre a nossa seleção, pouco se fala sobre as nossas paixões nacionais, enquanto muito se reclama sobre dinheiro que sai do nosso bolso e é supostamente jogado aos quatro ventos. Uma classe média emergente, que parece sentir prazer em desmoralizar todos os sistemas públicos do país, dissemina esse falso conceito sobre o nosso jeitinho, além de não ter capacidade de olhar para o lado e perceber quem tem sentido a diferença da melhora que país atingiu nos últimos anos.
       Nosso bamboleio tem que nos fazer gingar. Repensar sobre o jeitinho que borrifa esse ar venenoso pode transformar o conceito negativo que atribuímos a cultura brasileira no diferencial que mundo procura. Gostar do nosso bronzeado é o primeiro passo para que alguém mais goste dele. Perceber que o molho da baiana e o molejo do carioca só tem a nos favorecer é questão de ponto de vista, e acabar com o complexo de colônia vira-lata é uma necessidade.