terça-feira, 31 de dezembro de 2013

sleep or move on

not able to speak or draw, she slept. all day long. all night long. all week long. but once she woke up feeling kidnapped from her bed, she decided that the best idea would be sleep again. and she tried. again and again and again and again but she couldn't. then the second plan was move on.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

want to have a good time

faltam 14 dias pro fim da 2013ª sequência de 365 dias desde que um menino nasceu e ganhou incenso de presente por causa disso.
eventualmente interrompida pelo mistério anos bissextos, que existem em prol da confusão que é ter gente que acha que sabe de alguma coisa contando o nosso tempo por aí, esse ano contou com a minha presença pelo 18º ano consecutivo. por falta de opção de balada e/ou espaço-tempo e/ou não, cá permaneço, com prazer, por sabe-se lá mais quantas primaveras, embora eu tenha uma série longa de reivindicações pro ano que nos segue.
e ninguém liga. afinal people care about me desde que eu seja capaz de providencias por aí umas sequências de segundos, minutos ou no máximo algumas horas de good time. afinal, este ano eu descobri que é por essas e umas poucas outras que eu tu ele nós vós eles continuamos por terra. we just want to have a good time. all the time. então por hora essa também vai ser a minha reivindicação. ou pedido de colaboração. ou sonho. ou egoísmo.
e talvez ainda dê tempo. falam as más línguas por aí que eu tenho 14 dias. pra revelar o filme das fotos da minha última viagem, pra chorar dinheiro não-sei-com-quem pra visitar o Alegrete, pra perceber que assim eu não vou passar no vestibular, pra fazer uso da minha maioridade e ir no beco de uma vez, pra trocar as luzinhas de natal da minha parede, pra aprender a trocar a água que dá vida pras minhas flores que hoje estão tristes (acho que alguém morreu), pra pedir pra minha vizinha parar de fumar, pra esse ano acabar.
porque olha, de novo, chega de sequência 2013.
que droga.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

se ou

não sei se

mastigo ou engulo
calo ou falo
fico ou fujo
beijo ou mordo
pisco ou durmo

se carne ou sangue
se mão ou boca
se pé ou pêlo
se unha ou cabelo

se chão ou nuvem
se escada ou subsolo
se caixa ou bola

no fim
me durmo.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

caí

Muito intenso isso tudo de se formar e de ter tanta gente emocionada a tua volta. Agora é aquela hora em que eles nos liberam pra abraçar os colegas, ainda bem, estou com dor no pé. Parabéns! Ah, parabéns pra ti também. Obrigada. Obrigada por tudo. Pois é, demorou eu acho. A gente conseguiu, achei que não ia dar. Parabéns! Obrigada! Que bom que tu veio. Já tem que voltar? Ah, obrigada, querido! Mas eu não ouvi nenhuma corneta mandando voltar. Voltei. G4.
Chato isso de eu não estar chorando. Ainda. Ainda? Mas imagina agora, daqui pra frente, não sei. Ou sei, mas que estranho. Perceber que provavelmente eu nunca mais vou ver a minha turma toda, junta. Mentira, amanhã tem o baile. Mas depois tem o vestibular, coisas ruim de se pensar agora, azar. Tontura. Tô tão pronta. Pro depois do vestibular. E que droga de tontura, não era pra estar, tô mexendo meus dedinhos desde cedo. Não sei que curso ela quer fazer, tenho que perguntar... Afinal isso não é hora de desmaiar. Acho que se eu pôr a mão na nuca e pressionar dá uma melhorada. Todo mundo deve estar olhando pra mim agora, que droga. Vira pra direita. Seis passos. Caí.
E acordei num dos poucos lugares do mundo em que eu sei que sempre vai ter um pra me salvar. No banco da arcada do lado da SEF e depois numa maca, pedi pra alguém levantar minhas pernas enquanto minha mãe me observava por cima com aquela cara de "só tu mesmo, Marcela". "Tu comeu antes de vir?" Comi, não sei se o suficiente. Mas acho que faz uma hora que eu não me mexo direito. Dois professores queridos, o pessoal da sessão de saúde, meus pais. Tá vindo a tua água. E o médico. "Foi só desmaio mesmo?", com uma caixinha de remédios azuis balançando na mão. Não sei, não sou médica. Acho que eu pensei de mais e dei uma morridinha. "Vamos voltar, tu tá bem? Tem que voltar, hoje tem que voltar."
Levantei e chega. De bobagem, te acorda. Tem outro copo d'água? Vou entrar pela conversão e ninguém vai ver. Tá bem mesmo? Tô. Eu sempre desmaio. De fome, de palidez ou de mindblow, eu sempre desmaio. Já pareço mais coradinha? Vou lá.
Aos gritos, minha série me botou pra dentro do nosso bloco de gente caminhante e pensante pra eu acabar de me formar. "Que susto, quase morri contigo, não faz mais isso." Não faço, desculpa, tô bem. Na verdade meio grog. Palmas. Gritos. Tô bem. Acabei o ensino médio. Que fase. Estou ótima. Regada a chuva de prata. É, estou muito bem.

domingo, 17 de novembro de 2013

libertango

para passar rápido

durma cedo e acorde tarde. durma de tarde. ouça o bolero de ravel em loop infinito. depois o lado escuro do pink floyd. leia um livro bom atrás do outro. compre mais livros. não olhe pra janela. feche a veneziana. compre um caderninho pra anotar ideias. anote ideias. vá numa festa. flerte horrores e não pegue ninguém. sem decote. sem carinho.  ligue um computador. acesse a wikipedia. adote umx gatx. ensine elx a te morder. espere todo mundo ir dormir. dance na sala. comece a assistir um filme ruim às duas da manhã ou da tarde. desmaie de tédio antes do fim. pinte as unhas. a cada três dias. vá no shopping. olhe as pessoas nos olhos. compre um ukulele. aprenda a tocar todas do beirut. descubra o que você gosta de estudar. pesquise sobre as melhores universidades  do mundo nisso. perceba que beleza importa. entenda porque tanta gente odeia o Duchamp. entre no omegle. sem webcam. tenha amigos estrangeiros. que trazem outros amigos estrangeiros.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

late 18-year old

há uns três meses atrás eu comecei a contar. há uns três anos atrás eu comecei a desejar. há uns três vezes três anos atrás eu comecei a imaginar. eis que chegou na hora mais errada. quando achei que eu pudesse finalmente sentir o gosto da desilusão guela a baixo, me dão semana de provas pra estudar e me arrancam o dinheiro pra gastar. e nada disso foi pra ser poético. a questão é que eu só devia ter feito dezoito anos depois do vestibular.



ou não.

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

o papel da discórdia

Semear a discórdia. Onde o estado já garante o mínimo e a sociedade tende à inércia do conformismo, alguém tem que cumprir este papel. Este é o jovem e tuas as suas inexperiências, prepotências e ineficiências. Discordar ou concordar com os seus argumentos descabidos é um exercício vital de cidadania que transforma a suporta "rebeldia sem causa" característica deste momento da vida num indispensável mecanismo de politização de massas.
Sem faixa etária exata, jovens são impulsionados pelo instinto de formação da sua identidade. Crescer e almejar independência ou originalidade significa acreditar na possibilidade da existência de uma opção melhor do que a sugerida (ou quem sabe até imposta) pelos pais ou pela escola. A ânsia pela procura da melhor opção política e a insistência em protestos ou intervenções urbanas são exemplos deste indispensável momento de politização que movimenta grandes populações, seus valores e ideais, processo que não ocorreria se o jovem não acreditasse na sua capacidade de lutar pelo coletivo e de fazer a diferença.
A análise desse mecanismo se torna especialmente complicada quando o instinto rebelde do jovem é confundido com interesses de grandes instituições ou partidos. É comum que, na falta de um argumento mais eficiente, manifestações jovens que surtem efeito em massas sejam resumidas a atos de vandalismo pela grande mídia que trabalha diariamente pela inércia dos seus espectadores. Felizmente, acredita-se que a amplitude das maiores corporações informativas do mundo por vezes perde para a proximidade dos jovens otimistas que vão para a rua, comprovando mais uma vez a importância deste contraponto em uma sociedade democrática de direito.
Entre instintos e oportunismos, hoje se forma um novo conceito de cidadania, onde a massificação de opiniões e valores deixa de ser um problema quando a discórdia tem a oportunidade de se manifestar. Onde o papel do jovem e da sociedade que o cerca é discordar, concordar e, finalmente, debater.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

feliz dia da minha irmã

toninha,
vomitei de nojo e ciúme quando te ganhei. eu tava com febre, a mãe não queria saber de mim e eu não aguentava mais ficar com só com o pai em casa, afinal o remédio era ruim e a comida também. foi chato também quando tu foi pra casa, tu chorava horrores, não parecia os bebês da televisão e não me chamava de mana. depois de um tempinho começou a ficar interessante. tu me imitava, tinha cabelo pra pentear, dormia no meu quarto e, na marra, sabia dividir a mãe e o pai comigo.
mas tem ficado cada vez melhor. tu tá grande (não mais alta do que eu), usa as minhas roupas, os meus sapatos, as minhas maquiagens e sabe-se lá o que mais quando eu viajo, mas sai comigo pra comer sorvete, divide tua tinta de tie dye, almoça no equilibrium e sempre, sempre me apoia no que eu faço. aí sim, minha irmã, obrigada! por ter nascido, por ter crescido e por ter sido tão importante pra mim.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

como nossos pais

Ainda somos os mesmos e vivemos como os nossos pais. Quando o assunto é o que de fato interessa, as demandas são as de sempre. Fora a comida, a bebida, a diversão e a arte, todas as gerações nascem e morrem atrás do mesmo objetivo: a felicidade. Só mudam os instrumentos e os caminhos que nos levam até lá.
As gerações se moldam de acordo com os prazeres e traumas da sua juventude. Infinitas vezes ouvimos comentários bons e ruins dos nossos pais ou avós que, normalmente acompanhados de suspiros, relatam sobre o pai rigoroso e os passeios no parque, sobre o machismo cruel e as coloridas discotecas. Nesse contexto, há quem diga que a moda, a ditadura, as mil moedas e a contracultura tenham tornado nosso pais bonzinhos demais ou até quase indiferentes, como uma forma de justificar numa análise simplista os problemas que hoje a juventude enfrenta.
Considerar que alguém nasce e cresce sob as asas dos pais, cujo papel é guiar o caminho dos seus filhos até a vida adulta, é uma ideia que deixa de fazer sentido quando desconsidera a influência do mundo que começa e acaba na porta de casa, quando se leva a educação dos pais para a rua e dela se trás a reflexão e o diálogo. Neste processo, denuncia-se fundamental não só o diálogo, mas também o conflito, o desentendimento e os problemas de relacionamento dentro de uma família.
Enganado estava quem pensou que o conflito entre as gerações era mais uma nova invenção. Ele é só mais um sintoma de que, no fundo, nada mudou. A vida ainda dói no peito de quem quem opta por crescer, seja dentro do computador ou do rádio de ondas longas, como uma consequência direta da busca por um sentido que nos faça querer continuar a viver essas terras.

sábado, 20 de julho de 2013

feliz dia

feliz dia do amigo. pra quem tem créditos no celular e nem tantas contas pra pagar. pra quem tem travesseiro, cobertor e ar condicionado. rímel e blush pra corar, sofá e mesa pra conversar, tempo e vontade pra continuar. pra quem tem dinheiro pra gastar, dinheiro pra comprar, dinheiro pra presentear. pra ser amigo de alguém.
feliz dia do amigo. pra quem esqueceu que amizade é mais do que tudo isso, pra quem vive de network, pra quem já tantas vezes foi e voltou e parece que até agora não entendeu. pra quem pra tantos ligou pra contar, pra chorar, pra reclamar, pra felicitar, e hoje pensou ter feito o certo comprando aquela caneca do chinês imigrante que hoje andava feliz.
afinal, feliz dia do amigo. feliz dia dos confirmados no facebook. feliz dia do conceito mais deturpado da vida. feliz dia do erro. feliz dia do, no fim, só mais um dia.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

jeitinho que faz gingar

       “Há quem sambe diferente noutras terras”, disseram os Novos Baianos há alguns anos, para lembrar ao Brasil de que o samba, as regras e os desregrados são, na verdade, universais. Infelizmente, o mesmo não acontece com o “complexo de vira-lata”. Este falso conceito de desonestidade atribuído pelo povo brasileiro a si mesmo é cultivado dentro e fora do país, inferiorizando nosso povo e sua cultura.
       Frequentemente utilizado como desculpa para acabar com qualquer esperança, o hábito de transformar casos de imoralidade em uma característica comum a todo país torna a possibilidade de qualquer melhora como uma hipótese próxima do horizonte. O “jeitinho brasileiro”, aparentemente crônico àqueles que nascem neste país tropical, confunde o bom humor e a tranquilidade com um ar de falcatrua e caos que nos persegue há muito tempo - tempo este não suficiente para que tenhamos percebido que com esse espírito, não há Lula ou Dilma que nos salve. Devido a este veneno, o povo se sente parado frente ao sonho de ser um país desenvolvido, onde pessoas saudáveis e cultas podem passear por parques com o celular na mão e a bolsa aberta, no sentido de que um passo de progresso brasileiro parece nunca nos colocar mais a frente.
       Fatos mais recentes revelam a falta de crença do povo brasileiro e seu jeitinho no verde e amarelo. Eventos como a Copa do Mundo e a Copa das Confederações conseguiram aflorar os resmungos constantes a ponto de abafar quase totalmente nosso amor milenar pelo futebol. Pouco se fala sobre a nossa seleção, pouco se fala sobre as nossas paixões nacionais, enquanto muito se reclama sobre dinheiro que sai do nosso bolso e é supostamente jogado aos quatro ventos. Uma classe média emergente, que parece sentir prazer em desmoralizar todos os sistemas públicos do país, dissemina esse falso conceito sobre o nosso jeitinho, além de não ter capacidade de olhar para o lado e perceber quem tem sentido a diferença da melhora que país atingiu nos últimos anos.
       Nosso bamboleio tem que nos fazer gingar. Repensar sobre o jeitinho que borrifa esse ar venenoso pode transformar o conceito negativo que atribuímos a cultura brasileira no diferencial que mundo procura. Gostar do nosso bronzeado é o primeiro passo para que alguém mais goste dele. Perceber que o molho da baiana e o molejo do carioca só tem a nos favorecer é questão de ponto de vista, e acabar com o complexo de colônia vira-lata é uma necessidade.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

eco-chatos-nomia

"O show tem que continuar", disse alguém em um dia em que ele quase parou - hipótese impensável para os dias atuais. Mais rápido do que o curso dos rios e que a sedimentação do petróleo, o mundo se desenvolve favorecendo os seguidores da filosofia empresarial do carpe diem, que explora o mais barato para crescer e ganhar do resto - de preferência ainda hoje.
Nesse cenário, surgem os "ecochatos". Com suas "ecobags", "ecocosas" e "ecolâmpadas", eles muitas vezes se esquecem de outra palavra parecida: a "economia". Esta sim, principal fonde de energia para o crescimento do mundo atual, é a primeira que deve ser mantida sustentável, pelo bem daqueles que não podem se dar ao luxo de pensar no depois de amanhã. Argumentos simples e fundamentais dos desenvolvimentistas no conflito contra os ditos sustentáveis, como a importância da estabilidade da energia produzida ou da qualidade do produto vendido, geralmente inviabilizam as ideias verdes daqueles que tentam projetar o futuro distante da humanidade.
Mas essa briga não exige um forte posicionamento, mas coerência. A utilização de fontes instáveis e renováveis de energia em locais propícios e de forma complementar, por exemplo, pode tornar viável um grande investimento nessa área para os bem aventurados do cenário econômico atual - os ditos "países desenvolvidos". Os ainda "em desenvolvimento", como a própria convenção internacional diz, sairiam com uma desvantagem ainda maior caso o crescimento não fosse priorizado antes de qualquer "ecopossibilidade".
Assim, embora normalmente perdendo,  segue na batalha o conceito de desenvolvimento sustentável, que ainda não é capaz de sustentar todos os âmbitos do crescimento, que depende de muito mais do que matéria-prima e eletricidade. À espera do dia em que o ideal será encontrado, continuamos exigindo o de sempre: a casa e a comida mais barata, a informação e a educação de qualidade e o crescimento e o desenvolvimento do mundo que gira em torno da nossa realidade. A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

sobre busca e desordem

movimento pré-político que político que acompanha a força de uma tendência mundial. a busca pela utopia do novo mundo, a busca do que queremos, a busca do objetivo da nossa vontade. a violência é aquela que sempre acompanha o movimento que pede mudança, que causa o desconforto da desordem. no fim, o medo, que nada mais é o primeiro contato com o desconhecido, me ronda. mas vai passar. e que seja eterno enquanto dure

quarta-feira, 19 de junho de 2013

sobre a causa dos mudos

"A riot is the language of the unheard", disse aquele menino Martin Luther King Jr. quando um dia a voz faltou. E essa sim. Mais do que cinco centavos, mais do que vinte centavos, mais do que PEC, mais do que PAC, mais do que infelizes felicianos e desaventurados pelés, essa sim. Bombardeia e explode forte, de dentro pra fora, em quem tem o pulso mais vibrante que o sistema.
Mais vivos acordaram aqueles que até hoje dormiram assistindo um país onde acontece tudo de novo sempre, um país onde nada muda nunca. Mais vivos acordaram aqueles que, como eu, até hoje só tinham visto verbo em pixel. Mais vivos acordam aqueles que, quase sem querer, vão pra rua marchar pela causa dos mudos.
E eu tenho acordado feliz. Critiquem-se os vândalos, as balas de borracha, as bombas de qualquer coisa que valha ou não, a copa dos mundos, a copa dos monstros, os ônibus assim, as lixeiras assadas: azar. Tem gente na rua fazendo mais do ir pro trabalho. Fazendo mais do que voltar do trabalho. Fazendo mais do que ganhar papel pra pagar papel. Tem gente que se importa. Gente que se dá o trabalho de marchar e gritar pra dizer que sim, pra dizer que tem que ter jeito.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

caminar

Utopia [...] ella está en el horizonte. Me acerco dos pasos, ella se aleja dos pasos. Camino diez pasos y el horizonte se corre diez pasos más allá. Por mucho que yo camine, nunca la alcanzaré. Para que sirve la utopia? Para eso sirve: para caminar. (GALEANO, 1994)

quarta-feira, 24 de abril de 2013

adolescer

Adultos apavorados, adultos com pena, adultos com sono, adultos cansados. Meus professores. Foi o que eu vi quando sem querer tive que expôr as ideias estranhas de mais uma adolescente inconformada - que chorou. Maduros. Sensatos, equilibrados, estáveis. Classe média nunca suficiente, numa sala com ar condicionado, colunas tortas. Conformados. Cansados. Aqueles que já entenderam. Uns daqui a pouco, outros daqui a muito, mas um dia todos estarão aposentados, comprando coisas coloridas pros netos, ficando mais velhos. Mais cansados, mais conformados, com as colunas mais tortas. Pra mim, só pediam desculpas, expressando carinhosa pena. Só lamento. É assim que a banda toca, agora chegou tua hora, já vi isso acontecer muitas vezes. É angustiante, é ruim, eu sei, mas vai passar. Esquece, porque vai passar. Mas não pode passar. Sobre as provas do tal fim de semana de janeiro, não sei. Sobre o ano que vem, não sei. Sobre com quem eu vou casar, muito menos. Sei que se crescer significa entender, conformar, cansar, entortar, eu preciso de um novo verbo. Adolescer. E que continuem não entendendo ou até culpando hormônios. Porque um dia, carinhosa, sem pena, vou voltar pra agradecer. Pela dor que tem sido perceber que de fato, não tem jeito. Pela oportunidade que eu tenho tido de discordar sozinha, de criticar sem resposta, de engolir sempre. De enxergar o que ninguém para pra ver, já que sempre foi assim. De perder líquido pelos olhos, obrigada. Por me formarem uma cidadã do amanhã.

sobre sucesso e inconscequência

a acertar questões, a ter notas altas, a ser substituído por um número alto. a conseguir algo pra si, a alcançar algo pra si, a estudar pra si, a saber pra si, a cursar por si, a viver por si. a ficar parado, a manter estável. a fazer por um objetivo, a chegar no teu objetivo, a desejar ser tu - mas lá. rápido. tu longe, tu rico, tu alto, tu magro, tu grande. tu sucesso.

a olhar o sol nascer, a acompanhar ele se pôr, a andar olhando pra cima, a não se importar tanto. a ouvir o inútil, a não ligar pros números, a conseguir algo pros outros, a alcançar algo pro grupo. a ensinar alguém, a aprender com alguém, a cursar pra muitos, a cursar com muitos, a viver em mil. a irritar-se com o parado, a endoidecer com o estável. a ignorar objetivos, a viver o dia, a chegar no fim do dia, o desejar ser tu - aqui. agora. tu em qualquer lugar, tu comendo, tu crescendo, tu vivendo, tu tu. tu inconsequente.

o que tu quer ser quando crescer.

domingo, 7 de abril de 2013

ah que preguiça

de ser loira, de ter cabelo comprido, de usar salto quinze, de ter saias justas, de ter saias curtas.
de ser morena, de ter cabelo comprido, de usar salto quinze, de ter saias justas, de ter saias curtas.
de sair com o namorado, de saber dançar funk, de brigar com o namorado, de gostar de dançar funk.
de ser falsa independente, de se embebedar pra ser madura, de julgar o colega demente, de não achar tortura.
de dizer que não me importa, de dizer que a mãe não entende, de me fingir de morta, de esconder absorvente.
de reamarrar o cabelo, de não gostar de política, de reamarrar o cabelo, de fazer a egípcia.

de achar que eu preciso disso.
de entender por que isso.
de me forçar a gostar disso.

ah, que preguiça.

domingo, 24 de março de 2013

sobre crescer e respirar

          Com a Amazônia partilhada entre pássaros e máquinas, hoje lutamos para que o Brasil continue crescendo e o mundo não precise transplantar um novo pulmão por causa disso. Enquanto ideias recheadas de segundas, terceiras e quartas intenções tentam solucionar a questão do desmatamento da Amazônia brasileira, o país atinge níveis de desenvolvimento nunca vistos e mais quente se torna o nosso meio-dia.
          Quando o assunto é desmatamento, o primeiro grito sempre pede “pare”. O senso comum, fortemente influenciado pela pouco confiável indústria da mídia atual, tende a crucificar qualquer espécie de impacto ambiental causado na região da Amazônia brasileira, sem enxergar sua importância para o nosso crescimento. Sem bom senso ou estudo, clama-se pela preservação da Amazônia como se suas riquezas chegassem apenas ao bolso do grande empresário madeireiro, o que é um engano. Devemos agradecer à nossa mata não apenas pela sua beleza e clima ameno, mas também pelas suas riquezas, que um dia trouxeram o Reino de Portugal e hoje nos trazem desenvolvimento.
          Como sempre, a alternativa mais adequada é a do equilíbrio. Respirar é fundamental, porém todos nós clamamos pelo crescimento do Brasil. O impacto é inevitável, mas a delimitação de áreas preservadas é uma ação que pode proteger a biodiversidade amazônica em regiões concentradas, respeitando a importância não só das espécies que vivem na nossa floresta, mas também da indústria que lá trabalha. Além disso, se faz necessária a lembrança de algo que deveria ser óbvio: a necessidade de um eficiente mecanismo de fiscalização nesse processo de equilíbrio entre impacto e preservação ambiental. Punir os que se sentirem capazes de infringir a lei é uma etapa fundamental da implementação de qualquer tipo de lei, garantindo a credibilidade daquele que pune e o respeito àquele que cumpre.
          Assim o Brasil colaboraria e muito para a saúde desse organismo chamado planeta Terra, que respira não só oxigênio mas também dinamicidade. Crescer com responsabilidade ambiental pode ser nosso diferencial caso os devidos mecanismos de fiscalização sejam implantados em breve, tornando o Brasil num país que cresce respeitando árvores, pássaros e seres humanos.

sábado, 16 de março de 2013

sobre crescer e desaparecer

não sumi. não! não sumi.
cresci e desapareci.
por dois meses, de tão longe, meu tão perto.

entendi.
nossos abraços, nossos preços, nossos amigos, parentes, vizinhos.
percebi.
nosso otimismo constante, nosso pessimismo eterno, nossa inércia - de fato com nula resultante.
conheci.
americanos cegos, americanos daltônicos, americanos analfabetos, americanos doutores.
reconheci.
brasileiros calados, brasileiros cansados, brasileiros amados, brasileiros felizes.

e satisfeitos.
com o sol que nasce e desce todos os dias porque tudo bem e basta.
e conscientes.
de que gostar, tocar, sentir, amar, é preciso e basta.
e atrasados.
porque o de fora sempre foi e será melhor e basta.

não calei. não! não calei.
palideci.
e inquieta.
sei que não basta.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

break

por um tempo, uma pausa,
em prol de uma experiência.
sentir na pele qualé que é dessa gente que mora lá em cima,
que não fala a minha língua, que pouco ou nada sabe de mim.
em prol de um novo projeto,
o marcelascoldsummer.blogspot.com.br,
o vimeo.com/56784149,
um volto já.