sexta-feira, 12 de julho de 2013

jeitinho que faz gingar

       “Há quem sambe diferente noutras terras”, disseram os Novos Baianos há alguns anos, para lembrar ao Brasil de que o samba, as regras e os desregrados são, na verdade, universais. Infelizmente, o mesmo não acontece com o “complexo de vira-lata”. Este falso conceito de desonestidade atribuído pelo povo brasileiro a si mesmo é cultivado dentro e fora do país, inferiorizando nosso povo e sua cultura.
       Frequentemente utilizado como desculpa para acabar com qualquer esperança, o hábito de transformar casos de imoralidade em uma característica comum a todo país torna a possibilidade de qualquer melhora como uma hipótese próxima do horizonte. O “jeitinho brasileiro”, aparentemente crônico àqueles que nascem neste país tropical, confunde o bom humor e a tranquilidade com um ar de falcatrua e caos que nos persegue há muito tempo - tempo este não suficiente para que tenhamos percebido que com esse espírito, não há Lula ou Dilma que nos salve. Devido a este veneno, o povo se sente parado frente ao sonho de ser um país desenvolvido, onde pessoas saudáveis e cultas podem passear por parques com o celular na mão e a bolsa aberta, no sentido de que um passo de progresso brasileiro parece nunca nos colocar mais a frente.
       Fatos mais recentes revelam a falta de crença do povo brasileiro e seu jeitinho no verde e amarelo. Eventos como a Copa do Mundo e a Copa das Confederações conseguiram aflorar os resmungos constantes a ponto de abafar quase totalmente nosso amor milenar pelo futebol. Pouco se fala sobre a nossa seleção, pouco se fala sobre as nossas paixões nacionais, enquanto muito se reclama sobre dinheiro que sai do nosso bolso e é supostamente jogado aos quatro ventos. Uma classe média emergente, que parece sentir prazer em desmoralizar todos os sistemas públicos do país, dissemina esse falso conceito sobre o nosso jeitinho, além de não ter capacidade de olhar para o lado e perceber quem tem sentido a diferença da melhora que país atingiu nos últimos anos.
       Nosso bamboleio tem que nos fazer gingar. Repensar sobre o jeitinho que borrifa esse ar venenoso pode transformar o conceito negativo que atribuímos a cultura brasileira no diferencial que mundo procura. Gostar do nosso bronzeado é o primeiro passo para que alguém mais goste dele. Perceber que o molho da baiana e o molejo do carioca só tem a nos favorecer é questão de ponto de vista, e acabar com o complexo de colônia vira-lata é uma necessidade.

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