quarta-feira, 24 de abril de 2013

adolescer

Adultos apavorados, adultos com pena, adultos com sono, adultos cansados. Meus professores. Foi o que eu vi quando sem querer tive que expôr as ideias estranhas de mais uma adolescente inconformada - que chorou. Maduros. Sensatos, equilibrados, estáveis. Classe média nunca suficiente, numa sala com ar condicionado, colunas tortas. Conformados. Cansados. Aqueles que já entenderam. Uns daqui a pouco, outros daqui a muito, mas um dia todos estarão aposentados, comprando coisas coloridas pros netos, ficando mais velhos. Mais cansados, mais conformados, com as colunas mais tortas. Pra mim, só pediam desculpas, expressando carinhosa pena. Só lamento. É assim que a banda toca, agora chegou tua hora, já vi isso acontecer muitas vezes. É angustiante, é ruim, eu sei, mas vai passar. Esquece, porque vai passar. Mas não pode passar. Sobre as provas do tal fim de semana de janeiro, não sei. Sobre o ano que vem, não sei. Sobre com quem eu vou casar, muito menos. Sei que se crescer significa entender, conformar, cansar, entortar, eu preciso de um novo verbo. Adolescer. E que continuem não entendendo ou até culpando hormônios. Porque um dia, carinhosa, sem pena, vou voltar pra agradecer. Pela dor que tem sido perceber que de fato, não tem jeito. Pela oportunidade que eu tenho tido de discordar sozinha, de criticar sem resposta, de engolir sempre. De enxergar o que ninguém para pra ver, já que sempre foi assim. De perder líquido pelos olhos, obrigada. Por me formarem uma cidadã do amanhã.

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