sexta-feira, 25 de outubro de 2013

o papel da discórdia

Semear a discórdia. Onde o estado já garante o mínimo e a sociedade tende à inércia do conformismo, alguém tem que cumprir este papel. Este é o jovem e tuas as suas inexperiências, prepotências e ineficiências. Discordar ou concordar com os seus argumentos descabidos é um exercício vital de cidadania que transforma a suporta "rebeldia sem causa" característica deste momento da vida num indispensável mecanismo de politização de massas.
Sem faixa etária exata, jovens são impulsionados pelo instinto de formação da sua identidade. Crescer e almejar independência ou originalidade significa acreditar na possibilidade da existência de uma opção melhor do que a sugerida (ou quem sabe até imposta) pelos pais ou pela escola. A ânsia pela procura da melhor opção política e a insistência em protestos ou intervenções urbanas são exemplos deste indispensável momento de politização que movimenta grandes populações, seus valores e ideais, processo que não ocorreria se o jovem não acreditasse na sua capacidade de lutar pelo coletivo e de fazer a diferença.
A análise desse mecanismo se torna especialmente complicada quando o instinto rebelde do jovem é confundido com interesses de grandes instituições ou partidos. É comum que, na falta de um argumento mais eficiente, manifestações jovens que surtem efeito em massas sejam resumidas a atos de vandalismo pela grande mídia que trabalha diariamente pela inércia dos seus espectadores. Felizmente, acredita-se que a amplitude das maiores corporações informativas do mundo por vezes perde para a proximidade dos jovens otimistas que vão para a rua, comprovando mais uma vez a importância deste contraponto em uma sociedade democrática de direito.
Entre instintos e oportunismos, hoje se forma um novo conceito de cidadania, onde a massificação de opiniões e valores deixa de ser um problema quando a discórdia tem a oportunidade de se manifestar. Onde o papel do jovem e da sociedade que o cerca é discordar, concordar e, finalmente, debater.

2 comentários:

  1. Há sempre muitas controvérsias quando falamos sobre a atuação do movimento estudantil, nas universidades em especial. Sem entrar em julgamentos especificamente de seus méritos, de se suas ações são certas ou erradas, justificáveis ou não, há que se observar e considerar os estudantes que nunca silenciam ao vislumbrar o que entendem ser injustiças. A existência persistente do contraditório, da oposição é elemento constitutivo de uma democracia.

    Gustavo

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    1. amém, Gustavo, e que assim seja. com ou muitas vezes até sem sentido, que assim seja, e espero estar fazendo a minha parte nesse papel.

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