sábado, 24 de março de 2012

Uma Banda

"Coloque uma banda na rua e o povo a seguirá, para a festa ou para a guerra", um dia disse Napoleão Bonaparte. Ontem assisti a uma das grandes. Vestida em vermelho, branco, chapéus e trombones, fez-me lembrar meu passado. Eu tinha 17 anos, boas pernas e muitos amigos. No sábado, depois de um dia de trabalho, um cigarro ou outro, voltava pra casa. Em roupa nem tão nova e perfume economizado, partia para uma hora de bicicleta até o baile combinado. Num salão ou num cerco, com entrada barata, a banda da cidade tocava. Cinco homens que durante o dia trabalhavam em fábricas, à noite e nos fins de semana embalavam os passos dos solteiros da região. Um trombone, um contrabaixo, um saxofone, uma gaita de fole e um bulbo. Era onde os desacompanhados se encontravam para só e somente só - se divertir. Engraçado. Não conhecer, conversar, dançar uma ou duas, elogiar pouco, só se divertir. Naquele tempo, era tudo diferente. E tu, sabes bailar? De par? É uma coisa bonita, dançar. Hoje o mundo está envolto a máquinas. Eletrônicos, pessoas que dançam, com os braços pra cima. Mas uma coisa é ter quinze. Outra é ter vinte, outra trinta, quarenta. Outra bem diferente é ter setenta. Foi-se o meu tempo. Tua vez. Mas até amanhã.

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