quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

ele

Caminhando na Rua Barros Cassal com a J e o B, ambos com o uniforme do colégio.

B diz que não sabe, diz que ele emagreceu. Falamos disso até chegar na Independência, onde B dobrou pra esquerda. Na despedida, perguntei o porquê da cadeira. "Estou de férias!" Ah, é verdade. Merecido.

Também dobro na Independência, mas para a direita, e abraço a J, que vai comigo. Chorava aos soluços. A decepção tomou o lugar da esperança depois daquela curta conversa. Até antes eu achava que poderia voltar com ele. Ou ao menos conversar, eu pensava. Não sabia. Até que ele aparece e me abraça, num susto, por trás. Peço pra J caminhar mais na frente, pra gente conversar melhor. Sem falar nada ela botou os fones e apressou o passo. "Compreensiva, ainda bem", pensei. "Desisti daquela merda", ele disse. "E de mim?", perguntei. Nos abraçamos e de repente ninguém mais falava.

Pisquei e estamos na porta de um prédio sem cor. Minha irmã já tinha subido, meus pais estavam no sexto andar. Pedi pra ele esperar lá embaixo. Subi e, sentados numa mesa de negociação, meus pais conversavam com uma mulher ruiva de óculos roxos que era a dona do estabelecimento. Era um ateliê, decorado nas cores da roupa da moça e lotado de esculturas muito bem feitas que pareciam não estar a venda. Eram pessoas e bichos feitos em detalhes realistas numa espécie de resina colorida, todos com seus corpos lotados de verrugas por todo o corpo. Um jacaré de olho verde me prendeu a atenção por longos segundos, suficientes para eu perceber que já estava lá há muito tempo. Desci do prédio pra ver ele.

Já tinha ido embora.

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