domingo, 20 de fevereiro de 2011

os figurantes do ano passado

Em um ano muita coisa acontece. Muita coisa a gente lê, ouve, vê e sente. Pena que a maioria a gente esquece. É costume, em uma retrospectiva, só nos lembrarmos do que foi grandioso e extraordinário, enquanto os responsáveis pelo sucesso ou fracasso do filme gravado nos últimos 365 dias tenham sido os figurantes: um bom banho, uma caminhada no parque, uma risada de criança, um almoço de domingo.
Normalmente, todas as coisas as quais eu lembro em detalhes são completamente mínimas e diárias. Recordo o número do último vôo que procurei em uma das telas do aeroporto e não sei quem ou quantas pessoas foram na minha festa de aniversário do ano passado.
Mesmo com esta dificuldade em lembrar do que eu deveria, o dia 21 de Julho de 2010 não pretende seguir a regra. Foi esse o dia em que eu cheguei pálida e trêmula no Hospital Santo Antônio, em Porto Alegre, e só saí de lá no dia seguinte - já me sentindo diferente. Lembro dos detalhes mais desinteressantes incluindo o gosto do remédio calmante, e agradeço sinceramente por não me lembrar de nada desde a anestesia geral até a hora em que eu abri os olhos.
O ano acabou e só parei para pensar nele agora. Esse também é meu plano para 2011: deixar que meu cérebro selecione por si só do que eu devo lembrar e esquecer, para que eu volte a rir ou a chorar do que pá passou quando esse ano também acabar. Até lá, minha agenda será a única responsável pelos meus planos para o dia seguinte.

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