segunda-feira, 13 de junho de 2011

análise

não contei pra quase ninguém, mas já tá na hora.
contei pra uma moça, a um tempo atrás, sobre a minha vida. sobre a parte ruim dela. o efeito foi tipo jenga, puxei um tijolinho e veio tudo: puxei do fundo do baú coisas que talvez nem me encomodem mais pra contar pra ela. contei mesmo. a moça, coitada, ficou sem o que dizer e usou o diploma dela pra me indicar pra um tratamento psicologico clínico que me ajudaria a organizar a mente.
pra variar, demorei pra engolir. eu sempre preciso de tempo pra digerir as coisas. não por ser lenta, eu realmente gosto de pensar nas coisas com calma, analisar vários fatores e aspectos que tenham a ver. mania. quando a coisa realmente entrou no meu intestino cerebral, marquei uma consulta.
o lugar era legal, profissionais preparados e interessados. espertos e assustadores. na sala de espera, pessoas andando de um lado pro outro enquanto as estranhas permaneciam obedecendo a Lei da Inércia, sentadas, paradas. eu era uma delas, então posso falar bastante.
desci umas escadas e subi outras, acompanhada da psicóloga, até uma salinha. na salinha tinha três cadeiras. enquanto ela fechava a porta sentei na mais próxima. eu estava bem calma. ela sentou e ficamos uns 2 segundos paradas, olhando uma pra cara da outra (atualmente, ao menos na minha cabeça, dois segundos de silêncio são uma coisa notável). a entrada ao tratamento foi dada com a frase "e daí, o que te encomoda?" e eu dei um jeito de introduzir um monólogo. efeito jenga se repetiu, porque as coisas não mudam, mas dessa vez teve um detalhe.
meu monólogo não teve nem início, nem meio, nem fim. teve uns parágrafos e uma interrupção.
"querida, nosso tempo acabou. te ligo pra marcar outro horário".
volto?

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